Caracteristicas clínico-epidemiológicas do carcinoma espinocelular de boca e orofaringe no estado da Bahia, 2006-2016

Abstract

A incidência do câncer vem aumentando ao longo dos anos, sendo considerada uma epidemia global. O câncer de boca e orofaringe está correlacionado, principalmente, a etilistas e fumantes crônicos sendo que há predileção pelo sexo masculino e idade superior a quinta década de vida. Representando um índice superior a 90% o carcinoma de células escamosas, também denominado de carcinoma epidermóide ou carcinoma espinocelular, tem comportamento agressivo e recorrentemente pode exibir metástase cervical precoce. Dentro dessa perspectiva, o estudo buscará responder ao seguinte problema: Quais as características clinico-epidemiológico dos portadores de carcinoma espinocelular de boca e orofaringe no estado da Bahia? Assim o objetivo deste estudo foi apresentar as características do perfil clínico e epidemiológico de pacientes com carcinoma espinocelular de boca e orofaringe, pertencentes à base de dados do Registro Hospitalar de Câncer do estado da Bahia. Para contemplar o objetivo mencionado acima, foram elencados os seguintes objetivos específicos: Analisar descritivamente as características sócio-demográficas e clínicas; avaliar o consumo de álcool e tabaco, além de examinar estadiamento bem como tratamento recebido. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo de abordagem quantitativa. Para isso foram utilizados dados secundários coletados no Integrador dos Registros Hospitalares do Câncer, durante os anos 2006 a 2016 de carcinomas espinocelular de boca e orofaringe, do estado da Bahia. No período correspondente foram registrados 5.355 casos, no qual houve prevalência de indivíduos do sexo masculino (76,6%), pardos (75,4%), ocupando em maior número a faixa etária 55 a 69 anos (40,8%), com baixa escolaridade (61,6%) e provenientes do interior do estado (66,4%). Os estadiamentos mais encontrados foram o IV (40,3%) e III (14,7%) e como localização primária dos tumores a prevalência foram língua (19,9%) e orofaringe (18,6%). Em relação ao tratamento proposto foi encontrada a quimioterapia combinada de radioterapia (19%) seguido de cirurgia (14,4%). No final do primeiro tratamento apenas 4,5% apresentou sem evidência da doença/remissão completa, ao passo que 20,3% veio a óbito. Grande parte dos indivíduos possuíam uma história pregressa de uso de álcool e tabaco em 49,4% e 62,2% respectivamente. Diante dos resultados encontrados neste estudo, é possível concluir que na Bahia o câncer de boca e orofaringe vêm sendo diagnosticados tardiamente. Os resultados evidenciam que apesar da tendência à universalização dos fatores causais, os indivíduos do sexo masculino são os mais atingidos pela doença, em especial, por estarem mais expostos a ação sinérgica tabaco-álcool. Por ser de fácil visualização ao exame físico, deduz-se que há um déficit de grande relevância nos diagnósticos desses carcinomas.