Vulnerabilidade de mulheres vivendo com HIV/AIDS acompanhadas em serviços de atendimento especializado no recôncavo da Bahia

Abstract

Este estudo teve como objetivo, identificar a condição das vulnerabilidades presentes nas mulheres vivendo com HIV/Aids atendidas em uma unidade de Centro de Testagem e Aconselhamento e Serviço de Atendimento Especializado localizado no Recôncavo baiano. Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem qualitativa, que utilizou como aporte teórico estudo fenomenológico. A pesquisa foi submetida a analise do CEP quanto aos aspectos éticos liberada pelo parecer 630.243; o lócus do estudo foi o CTA/SAE; os sujeitos da pesquisa foram mulheres vivendo com HIV/Aids. A coleta de dados foi realizada entre 05 de maio a 30 de julho, utilizando análise documental e entrevista semiestruturada. Os dados documentais foram analisados com estatística descritiva com auxílio do Microsoft Excel® versão 2010, as entrevistas foram analisadas à luz da fenomenologia. Emergiram da análise três temas: Revelando a Vulnerabilidade Social; Revelando a Vulnerabilidade Individual e Revelando a Vulnerabilidade Programática. Subtemas surgiram oito: Morte, medo e vergonha; Preconceito, estigma e descriminação; Trabalho e a soropositividade; Confiança e Fidelidade; Negociação nas relações; Mulher soropositiva; Acessibilidade e Conhecimento da política de atenção. Os dados revelam que existem cadastrados no serviço 357 pacientes com idade acima de 13 anos; sendo que o sexo masculino apresenta 196 casos (55%) e o feminino 161(45%). Foram entrevistadas 26 mulheres, os depoimentos revelam que nos planos interdependentes das vulnerabilidades social, individual e programática todas as mulheres vivenciam o medo da morte, a discriminação, estigma e o preconceito; quanto ao trabalho, apresentam-se em subempregos, desempregadas e com medo da revelação do diagnóstico no trabalho. Além disso, todas informam que a confiança foi determinante para a contaminação; a fidelidade é relacionada a não haver necessidade de utilização do preservativo. Quanto às relações de poder entre homens e mulheres, fica claro que o gênero que determina as decisões do casal é o masculino. Todas as mulheres referem ter dificuldade de acesso ao cuidado contínuo e que não conhecem as políticas publicas de atenção a mulher e ao portador de HIV/Aids. Percebeu-se que todas as entrevistadas possuem vulnerabilidade social, individual e programática e através dos registros do serviço e dos resultados das entrevistas percebe-se que a epidemia apresenta o mesmo perfil nacional de heterossexualização, interiorização, feminização, juvenização pauperização e enegrecimento. Não se pode negar que a questão biológica se configura como um facilitador para a vulnerabilidade individual, porém não é decisivo e as assimetrias de poder na ordem de gênero se configuram como fator determinante para a contaminação pelo HIV/Aids._______________________________________________________________________________________________________________ ABSTRACT:The aim of this study was to identify the condition of these vulnerabilities in women living with in Counselling and Testing Centers as well as in Specialized Health Service Units located in Santo Antonio de Jesus County, Bahia, Brazil. Based on phenomenological theories, a field study with multi-methodological approach was conducted to assess qualitative elements. Data were collected by means of documentary research and semi structured interviews. Descriptive statistics was used for document analysis while phenomenological analysis was applied to the interviews. The study was submitted to the CEP the analysis as the ethical aspects released by the opinion 630,243; The locus of the study was CTA / SAE;The analysis revealed three main issues: social vulnerability, individual vulnerability and programmatic vulnerability. Eight sub-themes were found: death, fear and shame; prejudice, stigma and discrimination; employment and HIV status; confidence and loyalty; relationship negotiation; HIV infected women; accessibility and health care policy knowledge. Data show that there are 357 HIV registered patients above the age of 13 years, being 196 (55%) males and 161(45%) women. Twenty-six HIV infected women were interviewed and their testimonies indicate that, in terms of interdependent social, individual and programmatic vulnerability, all of them experience fear of death, discrimination, stigma and prejudice. In terms of employment, they are underemployed, unemployed and scared of revealing their condition in the working place. Moreover, trust was a determinant feature leading to contamination; fidelity is related to not using condoms. When power relations between men and women are considered, it is clear that the decision maker in a couple is the male. All the women reported having access difficulties to continuous care. They also claimed lack of information about public policies concerning women health care or HIV/AIDS infected people. Hundred percent of the interviewed women suffer from social, individual and programmatic vulnerability. The results obtained through document analysis and interviews show the same national epidemiological profile of heterosexualization, interiorization, feminization, impoverishment and blackening. Although the biological factor can act as a facilitator of individual vulnerability, it should not be considered decisive. Gender power asymmetries, however, are a crucial factor for HIV/AIDS contamination.