A cultura corporal na escola indígena: perspectiva docente no Território de Identidade Baixo Sul/BA

Abstract

Na atualidade observa-se esforços de diferentes naturezas para a inclusão de questões da diversidade étnico-racial nos setores e áreas da dinâmica socioespacial. Na educação, este movimento ganha força com a inserção de tais questões nos processos de escolarização, com o propósito de trazer para a prática educativa a realidade cotidiana. Neste contexto, são abordadas as realidades de povos e comunidades tradicionais, dentre os quais os indígenas, tomados como referências centrais neste estudo. O propósito aqui é aproximar a Educação Física escolar da cultura indígena. Destacadamente entender como a cultura corporal, objeto de referência da Educação Física, é apropriada nas práticas pedagógicas indígenas. Assim, o objetivo precípuo do estudo é analisar os sentidos e significados atribuídos ao conhecimento da cultura corporal por professora indígena do Território de Identidade Baixo Sul da Bahia. Especificamente busca se: a) descrever o aparato legal que subsidia a educação escolar indígena, destacadamente na Bahia; b) identificar como se dá o processo de ensino no que tange à Educação Física para os alunos indígenas do Território Baixo Sul da Bahia. Para realização do estudo, que é de abordagem qualitativa, escolheu-se uma escola indígena da etnia Pataxó Hã-hã-hãe, que funciona dentro da reserva indígena de Camamu, município do Território de Identidade Baixo Sul. Na escola, foi entrevistada a única professora indígena que ministra as aulas para uma turma multisseriada (Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental), com o intuito de captar com o máximo de amplitude a produção de sentidos e significados da Cultura Corporal. Os resultados possibilitaram compreender que não há um trabalho intencional de base sobre a cultura corporal, mas também que, pela aproximação da forma como os indígenas reconhecem o corpo, em estreita relação com a integralidade humana, e não apenas, por exemplo, como base fisiológica para realização de movimentos, há o desenvolvimento, nas práticas educativas da professora, de elementos fundantes da cultura corporal. Espera-se, assim, que este estudo possa ser uma contribuição efetiva para redimensionar a relevância e sentido da Educação Física Escolar. _______________________________________________________________________________________ ABSTRACT Currently, there are efforts of different natures to include the ethnic-racial issues in sectors and areas of socio-spatial dynamics. In education, this movement gains strength when inserting such questions in the schooling process, to introduce the educational practice to the daily reality. In this context, the approached are realities of traditional peoples and communities, this reason, the Indigenous are the central references in this study. The purpose is to lead the school's Physical Education subject closer to indigenous culture. Notably, understanding how body culture, the object of reference in Physical Education, is appropriated in indigenous pedagogical practices. Thus, this study's main objective is to analyze the senses and meanings attributed to the body culture knowledge by an indigenous teacher from the Bahia South Bass region. Specifically looking for: a) describe the legal apparatus that subsidizes indigenous school education, especially in Bahia; b) identify how the teaching process happens concerning Physical Education for indigenous students in the Bahia South Bass region. Performing the study, which has a qualitative approach, a Pataxó Hã-hã-hãe ethnicity school was the choice, the Pataxó hã-hã- hãe educational institution is in an Indian reserve that is in Bahia South Bass region, in a town named Camamu. The only Indigenous teacher in this school, who teaches classes for a multigrade class (Preschool Education and Elementary School), was the interviewee, intending to capture many pieces of information on the production of points and meanings of the Corporal Culture. The results made it possible to understand that there isn't intentional base work on body culture, but also that, by approaching the way indigenous people recognize the body, in close relationship with human integrality, and not just, for example, as a physiological basis to do movements, there is the development, in the teacher's educational practices, of founding elements of body culture. Hopefully, this study can be an effective contribution to reshaping the relevance and meaning of School Physical Education.