Plano de parto como ferramenta de empoderamento da parturiente: uma revisão integrativa

Abstract

O processo parturitivo sofreu sucessivas transformações com o passar dos anos. Na antiguidade as mulheres entravam em trabalho de parto e pariam em sua própria casa com ajuda de parteiras, mas ao longo do tempo foram incluídas novas práticas no partejar, aumentando o número de intervenções e a exorbitante taxa de medicalização. Nesse contexto, a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, juntamente com alguns órgãos não governamentais, discutem propostas com intuito de qualificar o cuidado prestado às mulheres, incluindo a valorização do parto natural e que deve ser conduzido na perspectiva da humanização. Nessa perspectiva, surge o plano de parto, com a finalidade de auxiliar na comunicação entre as mulheres e os profissionais de saúde, criado a partir de informações sobre as decisões baseadas nos riscos e resultados do trabalho de parto, encorajando-a nas tomadas de decisões. Sendo assim, o estudo buscou indagar a seguinte questão: Como a literatura científica evidencia a contribuição do plano de parto para o empoderamento da parturiente? Portanto, este estudo tem como objetivo geral analisar na literatura científica a contribuição do plano de parto para o empoderamento da parturiente. E objetivos específicos: Caracterizar a produção científica quanto ao ano, local de publicação, periódicos e tipo de estudo, identificar aspectos no plano de parto que favorecem o empoderamento da parturiente e verificar experiências exitosas de parturiente a partir do plano de parto. Para isso, foi realizada uma Revisão Integrativa da Literatura. A coleta de dados teve início em fevereiro de 2022 e foi finalizada em abril de 2022 nas bases de dados da Biblioteca Virtual da Saúde. O termo plano de parto foi utilizado como palavra-chave para realização da busca, levando em consideração a falta do descritor que assemelhe-se ao referido nos Descritores em Ciências da Saúde, além dessa palavra-chave, foram utilizados os descritores: Parto humanizado e empoderamento. Foram selecionados 12 documentos e para contemplar o objeto de estudo foram apresentadas 03 categorias representativas, sendo elas: 1) Caracterização da produção científica; 2) Plano de parto e empoderamento da parturiente; e 3) Experiências exitosas de parturientes a partir do plano de parto. Tais categorias evidenciaram as vantagens na utilização do plano de parto e empoderamento, bem como as limitações do uso e os aspectos exitosos das parturientes a partir do plano de parto. Os achados apontaram como aspectos de empoderamento, o favorecimento da busca do conhecimento da fisiologia feminina no processo de gestar e parir, além da sistematização do parto que proporciona melhor comunicação entre gestantes e profissionais e consequentemente uma maior sensação de controle entre as parturientes. Essas práticas culminam na redução das intervenções desnecessárias preconizadas pelo Ministério da Saúde, assim como, no respeito à mulher e ao recém-nascido. Os estudos encontrados também evidenciaram que as parturientes que teve a assistência desenvolvida a partir dos seus planos de partos, garantiram segurança e possibilidade de planejar o seu próprio partejar e dessa forma garantiu um processo parturitivo natural, fisiológico e individualizado, bem como o uso de métodos não-farmacológicos para o alívio da dor e os resultados maternos-fetais mais satisfatórios. Entretanto, alguns fatores levam ao não cumprimento do plano, como resistência por parte da equipe médica e falta de informação dos profissionais, gerando frustração nas mulheres. Portanto, pode-se considerar que apesar das limitações encontradas no processo, o uso do plano de parto é uma importante ferramenta para o empoderamento da parturiente. ________________________________________________________________________________________ ABSTRACT The parturition process has undergone successive transformations over the years. In antiquity, women went into labor and gave birth in their own home with the help of midwives, but over time new practices in midwifery were included, increasing the number of interventions and the exorbitant rate of medicalization. In this context, the World Health Organization and the Ministry of Health, together with some non-governmental bodies, discuss proposals with the aim of qualifying the care provided to women, including the appreciation of natural childbirth, which must be conducted from the perspective of humanization. From this perspective, the birth plan emerges, with the purpose of assisting in communication between women and health professionals, created from information about decisions based on the risks and results of labor, encouraging them in decision-making. Therefore, the study sought to ask the following question: How does the scientific literature evidence the contribution of the birth plan to the empowerment of the parturient? Therefore, this study has the general objective of analyzing in the scientific literature the contribution of the birth plan to the empowerment of the parturient. And specific objectives: To characterize the scientific production regarding the year, place of publication, journals and type of study, identify aspects in the birth plan that favor the empowerment of the parturient, verify successful experiences of parturients from the birth plan. For this, an Integrative Literature Review was carried out. Data collection began in February 2022 and ended in April 2022 in the Virtual Health Library databases. The term birth plan was used as a keyword to carry out the search, taking into account the lack of a descriptor that resembles that referred to in the Health Sciences Descriptors, in addition to this keyword, the descriptors were used: Humanized childbirth and empowerment. Twelve documents were selected and to contemplate the object of study, 03 representative categories were presented, namely: 1) Characterization of scientific production; 2) Delivery plan and empowerment of the parturient; and 3) Successful experiences of parturients from the birth plan. Such categories evidenced the advantages of using the birth plan and empowerment, as well as the limitations of use and the successful aspects of the parturients from the birth plan. The findings pointed as aspects of empowerment, favoring the search for knowledge of female physiology in the process of gestating and giving birth, in addition to the systematization of childbirth that provides better communication between pregnant women and professionals and, consequently, a greater sense of control among parturients. These practices culminate in the reduction of unnecessary interventions recommended by the Ministry of Health, as well as respect for women and newborns. The studies found also showed that the parturients who had the assistance developed from their birth plans, ensured safety and the possibility of planning their own midwifery and thus guaranteed a natural, physiological and individualized parturition process, as well as the use of methods non pharmacological treatments for pain relief and more satisfactory maternal-fetal outcomes. However, some factors lead to non-compliance with the plan, such as resistance from the medical team and lack of information from professionals, generating frustration in women. Therefore, it can be considered that despite the limitations found in the process, the use of the birth plan is an important tool for the empowerment of the parturient.